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O Efeito Anestésico Da Hipnose

Antes de iniciarmos uma viagem histórica ao longo deste tema, é importante salientar que, de maneira alguma colocamos em descrédito o uso de medicamentos anestésicos e sedação habitualmente utilizados em procedimentos clínicos invasivos. Valorizamos e confiamos na ciência.

 

O que queremos é apenas apresentar uma alternativa, tão antiga e eficaz quanto a anestesia.

A anestesia como conhecemos hoje só começou a ser estudada no século 19. Antes, as técnicas para aliviar a dor ainda eram escassas. Então, o médico precisava ser rápido nas cirurgias para aliviar a dor. Em alguns casos o paciente era embriagado, ou sedado com pedaços de tecidos contendo extratos de plantas.

Na China Antiga, o uso da acupuntura era comum.

No início dos anos 1800, a hipnose já era algo bastante difundido entre os estudiosos da mente; porém apenas em 1845 começaram os relatos de que, na Índia, o médico escocês James Easdaile, estava realizando cirurgias sem que os pacientes sentissem qualquer dor, usando apenas hipnose.

Ele foi um dos pioneiros no uso da técnica e, registros afirmam que, ele chegou a operar mais de 3 mil pessoas em estado de transe. 

Com o avanço dos estudos químicos no ocidente, e o aumento de charlatões nos espetáculos de entretenimento, a prática da hipnose acabou sendo deixada de lado no mundo médico. Porém, não foi esquecida por completo.

Saltamos agora para a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), em um ambiente de muito conflito e problemas psicológicos apresentados pelos soldados. Sem nenhum sintoma físico, muitos soldados sofriam com neuroses. Até que, em 1917, o médico Arthur Hurst, major do exército britânico, ficou famoso por conseguir curar os soldados mentalmente debilitados com apenas um atendimento. E o tratamento era à base de hipnose.

Essa prática foi tão importante na recuperação dos soldados, que teve seu início aplicado também na 2ª Guerra Mundial, 30 anos depois.

Agora, não apenas sintomas psicológicos eram tratados com a hipnose, mas também sintomas físicos. Em um dos casos, um soldado atingido por uma granada e com o braço severamente ferido, foi orientado a mentalizar que uma válvula estava sendo instalada no seu braço, e o sangramento começou a parar. A hemorragia estava tão controlada que houve tempo suficiente para salvá-lo. A falta de anestésicos para atender a grande demanda de soldados, tornou a hipnose muito mais do que uma alternativa possível, mas em alguns casos era a única alternativa para minimizar a dor dos ferimentos e suportar o procedimento cirúrgico aplicado.

Depois do período turbulento das grandes guerras, a hipnose conquistou certo respeito na comunidade médica, ainda que sua aplicação e prática ainda seja em menor escala, hoje é utilizada como terapia complementar em hospitais do mundo inteiro.

Vejamos alguns casos:

● No Hospital das Clínicas de São Paulo, a hipnose é realizada desde 1995, com foco no alívio das dores e sintomas de ansiedade, e também em algumas cirurgias de pequeno e médio porte, como sedação complementar;

● Em 1997, Marie-Elisabeth Faymonville coordenou uma pesquisa onde foram testados 4800 pacientes em seu centro de anestesiologia, na Bélgica. Em um grupo, a anestesia geral foi substituída pela hipnose. O resultado foi que os pacientes – todos de cirurgia plástica – submetidos à hipnose tiveram menos dor e ansiedade, e saíram mais satisfeitos da cirurgia, em comparação aos pacientes que receberam anestesia geral;

● Em 2007, o psicólogo Guy Montgomery de Nova York, mostrou em sua pesquisa que 15 minutos de hipnose antes de realizar cirurgias de câncer de mama, ajudaram os pacientes a sentir menos dor, náuseas e fadiga no processo pós-cirúrgico;

● Desde 2008, no Hospital São Camilo, de São Paulo, o uso da hipnose auxilia pacientes claustrofóbicos na realização de exames como ressonância magnética, onde necessitam ficar em câmaras apertadas;

● Em 2013, o cirurgião Dominic Neilsen foi surpreendido com o pedido do hipnólogo Alex Lenkei. Ele precisaria passar por um procedimento cirúrgico ortopédico para substituir a articulação dos tornozelos por uma nova. Para tal seria necessário serrar o osso da perna. Alex exigiu apenas que não fosse utilizada a anestesia geral. Essa já seria a sua sexta cirurgia sem dor, mas seria a primeira cirurgia conduzida por Dominic com o uso da hipnose. A cirurgia foi realizada no Hospital Universitário Epsom, na Inglaterra, e o paciente permaneceu acordado, ouvindo e comentando sobre o barulho que a serra fazia ao tocar sua perna.

Alex Lenkei é um famoso hipnoterapeuta, reconhecido por sua habilidade para lidar com a dor utilizando técnicas de auto hipnose. A cirurgia durou duas horas, e foi um sucesso, repercutindo mundialmente na imprensa.

 

Estes são apenas alguns exemplos do uso anestésico da hipnose, hoje reconhecida por vários conselhos da área médica.

Finalizamos afirmando que a dor não é “psicológica”, mas ela acontece no cérebro. Então, é possível desligá-la apenas com o poder da mente, e minimizar o uso de anestesia por meio da hipnose.

Hellen V. Neves – Terapeuta Comportamental & Treinadora

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Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá, e formada em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica. Também possui formação internacional em Hipnoterapia Ericksoniana Básica e Avançada, em Transe Conversacional, Hipnose não-verbal e Neuropsicologia Biomagnética, É treinadora comportamental, Master Coach e pós-graduada em Psicologia Positiva e Coaching; e Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes.

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